quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Places

É só nessas horas, com tudo pronto. E o cansaço aflora.

Um pequeno grupo de colegas se encontrava no térreo do prédio. Meninos e meninas. Cada um no seu lugar. Sentados em algumas cadeiras; outros em pé. Cada um no seu devido lugar. Conversavam sobre "talvez, quem sabe" "ouviu?" e entre tantos outros comentários. Na frente, uma das meninas roubava a atenção, mostrando todos os seus dotes artísticos, a la stand-up commedy. Atrás das cadeiras, outra menina escutava assim como todos os outros colegas com seus olhos vivos e ávidos. Sentada no colo de um dos rapazes, outra, talvez, a de olhar mais sereno, quem sabe. Cada um no seu suposto lugar. Na surdina, porém, podia-se ouvir o cochicho, o murmúrio entre cada ínfima parte de cada ser. Transformando-se a que fazia o show queria na verdade ser chama e tomar o lugar daquela que sentava no colo do rapaz. Queria parar de charmar a atenção e realizar o que desejava. Talvez até descansar. A do fundo ansiava exasperadamente ganhar alguma chance para poder fazer o seu show e deixar sua marca no sorriso. Se tornar visível aos olhos do mundo. No entanto, talvez, a do colo estivesse usufruindo do seu mais recôndito desejo de ser invejada e honrosamente amada.
E continuavam todos lá. Nos seus servidos lugares.


Ana Luiza Moura

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