sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Da bagunça interior


Tal qual as etapas de uma decolagem de um foguete, me preparo para olhar aqui dentro. Tal qual a arrumação para receber uma visita é o que acontece quando penso. Tal qual preparativos de viagem, checo a lista de palavras que levo comigo. Refinamento, check. Sentido, check. Essência, check. Se um me falta, já desisto. Por isso, não gosto de pensar sobre. Gosto de ser pega de surpresa e me encontrar num estado de bagunça. De não fazer sentido, com qualquer essência e um certo antirrefinamento. A vontade dessa bagunça é presente e por incrível que pareça é nela que me encontro mais plena, mais presente, mais viva, mais eu. É nela que me volto e com clareza percebo cada pedaço secreto. É ela que tem o mais cremoso e delicioso gosto de chocolate. É ela que me preenche. Como se eu fosse composta por mil e uma possibilidades e não me limitasse a sim/não a isto/aquilo. Sou um possível monstro de isto-aquilo-seilá-e-... Talvez essa bagunça seja o porto mais seguro. E é nela, por ela e com ela que consigo absorver qualquer tipo, gosto, tato, jeito. Ela é a minha introdução.


Ana Luiza Moura

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